quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

 

É Natal.

 

É natal, o mundo apodrece, mas ao que parece não cheira mal.

Enfeitei uma árvore com muitas bolinhas, redondas, branquinhas, de naftalina.

É bonito, é fino, e assim, o cheiro, disfarça a malina.

 

Decoram-se as ruas com mil pobrezinhos, de todas as cores, bem desgraçadinhos.

De mãos estendidas, caídos de si, carpindo estertores, em mil coreografias,

rendendo graças, vestindo horrores, aos ricos bonzinhos.

 

É natal e eu faço um presépio.

Façam-me o obséquio, não lhe chamem curral!

Ponho nele um menino,

bem pequerruchinho, contente e meiguinho.

Parece normal…

Assim, pequenino, posso torcer-lhe o pepino,

já pouco importa que ele seja divino.

 

É a festa do pai natal,

da Popota, do burrinho, da vaca

e do raio que os parta.

É dia do senhor que nasceu nas palhinhas,

E que se destina a findar muito mal!

Mas deixem lá…. Afinal é natal…

                                                  Poesia de Bigorna

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