Inimputáveis
Algumas dessas
notícias faziam referência a uma actividade de caça. A mim pareceu-me uma
actividade que envergonharia o mais frio dos magarefes. E, ainda assim, não vi
muitos caçadores nem contentes nem tristes a distanciarem-se deste acto
desmedido e encarniçado. Que grande vontade de matar. Diz-se que foram 540
animais, entre javalis e cervídeos, numa herdade murada. Presumo que os animais
não fugiram porque não lhes deu vontade.
Não sou contra a
morte de animais. O ser humano tem que matar para não morrer. Se não matar
animais terá que matar plantas, que pedras ainda me parece difícil comer.
A caça nasceu
com o homem como forma de se sustentar, tal como outros animais o fazem, quer
corram atrás de outros animais, quer apanhem as quietas plantas. Com uma grande
e nobilíssima diferença. Apenas o necessário à satisfação do momento, num
estrito compromisso de amanhã haverá amanhã.
Ali, a
satisfação foi a morte. Foi uma nítida antecipação do dia dos santos inocentes.
Alguns falam de
possíveis crimes, outros de crimes éticos, outros de crimes contra a natureza.
É provável que
sim, que possa ser encontrada matéria para imputação de crimes. O que não me
parece é que haja a quem os imputar. Da forma como vi a manifestação da Vã
Glória de matar, por parte dos tais monteiros, não imagino maneira ou forma de
lhe assacar responsabilidade.
Como sabe quem
me conhece, desde há muito que venho dizendo: Só tem Culpa quem pode…
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