sexta-feira, 3 de abril de 2020


Tempos difíceis (lava esfrega)

Cuidado com os vírus e a bicheza em geral!

Há poucos dias, entrei numa pastelaria de grande requinte (ainda se podia e eu entrei).
Reparei, com agrado, que toda a sala brilhava, de exemplar limpeza. Nem uma mosca para animar os mais atentos, nem uma barata para decorar o rendilhado de uma bandeja, nem um crocodilo, disfarçado, a um canto, pronto a lamber os bolos todos.
Ilustração de Danielle-Mae (Obrigado)
Com espanto, apercebi-me de que todos os funcionários usavam um artefacto, branco, imaculado (um vulgar baraço), pendoricalhado (que palavra tão mal inventalhada), na braguilha das calças.
Pedi um café e um pastel de Belém. Mas aproveitei para questionar o moço:
- Para que serve esse cordel, aí pendurado? É norma de fardamento?
- É sim senhor. Regra da casa e medida de higiene. Quando vamos verter águas - para quem não se familiarizar com o termo – mijar, “apuxamos” o baraço para não tocarmos na roupa…
- Áh! – respondi abismado – então e depois, para tirar o “barimbau” para fora? Como fazem, usam luvas?
- Não senhor. Aí entra a ajuda da tenaz dos bolos!!!
- Pois… Traga-me só o café se faz favor. – Emendei eu – passou-me a gula.

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