Ao dia de Hoje, em Madrid, correndo o ano de 1616, morria
Miguel de Cervantes.
Sonhou, escreveu, ensinou a sonhar, treinou meninos na arte
da leitura e no engenho da hermenêutica. Um génio pelo qual nutro “inveja bruta,
mas branca”. Invejo, brutalmente, todos os que escrevem bem, com a mesma
brutalidade com a qual desprezo a minha falta de jeito. Confesso, sem esperança
de qualquer perdão.
Resta-me quedar-me pelo elogio, não para que se pense que
sei algo sobre isso, mas para que os outros se sintam impelidos a pensar,
também, sobre quem com ardor deu nome pomposo a um cavalo (antes e apenas de
nome cavalo), “Rocin ante”, a quem com bravura e coragem combateu gigantes
(disfarçados de moinhos). A quem amou, em Dulcineia, todas as doçuras que uma
alma (mesmo desalmada), pode colher das vestes fecundas do “bicho mulher”. E,
rendo especial homenagem a todos os Sanchos Pança, que com amor e dedicação
aturam os desmandos de quem manda, as loucuras de quem treslouca, e aos
senhores dos mundos e das guerras enchem, divinal, asinina e religiosamente, a
pança.
(desenho do autor, à sua medida e à sua capacidade limitada para desenhar e outras cousas) |
Sem comentários:
Enviar um comentário