Não,
Nasci aos pés dos Hermínios, onde, por lá, também Lusitano e Viriato, terão vencido o Inverno e o Inferno. Tataraneto de ferreiro que, por dizer, “Quando vou para a minha bigorna sou homem para fazer um relógio”, foi brindado com a alcunha. Adoptei, com vontades e inveja saudáveis, esse rijo nome. Bigorna
sexta-feira, 25 de agosto de 2023
quinta-feira, 17 de agosto de 2023
Orbitante
Vou correr atrás do tempo,
fugir de mim,
olhar de frente
os sois da tarde,
prender-me com atilho
à pontinha fina da lua e ir no vento.
Quero navegar
num céu cinzento,
banhar-me em pó
de estrelas,
tremer no tremor
dos afectos,
Vestir gemidos orvalhados
por desejos,
vibrar nos estertores
inquietos,
ouvir o rumor gutural
que tange do coito sagrado e fremente dos universos.
Bigorna
(XVII6023VIII)
(Fotografia de
Bigorna)
quarta-feira, 16 de agosto de 2023
Bom mesmo é Bosta de Vaca
ssim, saem do forno malcozidos como os pães feitos à pressa, insípidos e inacabados. No dia seguinte já estão ressequidos, azedos, rançosos, intragáveis e arrogantes. Olham o seu trabalho e as pessoas, do alto da burra e se caírem ferem a terra desonrando as bostas que a nutriram e os alimentou. Sentem repugnância da matéria orgânica que somos e das nossas doenças. Aprenderam tanto sobre dejectos que a única coisa que querem é manter-se longe. É frequente que a única referência sobre humanidade, que possuem, são eles próprios. Não espanta a forma como pensam.
segunda-feira, 14 de agosto de 2023
Enfermamos
Ontem,
13 de Agosto de 2023, completaram-se 123 anos sobre a morte de Florence
Nightingale, Nascida a 12 Maio 1820. Figura
tida por muitos como a percussora da Enfermagem Moderna, o que terá merecido
pela sua actuação na liderança e na organização da assistência às vitimas da
Guerra da Crimeia (1853-1856), sobretudo dos soldados.
É Agosto,
quente, talvez até um pouco enfadonho, alguns retratos dos nossos olhares já
mostram paisagens a vestirem “outonalidades”, como se desejassem avelhentar-se,
por antecipação em invernias de esquecimento. E o meu pensamento voou, não para
a enfermagem, mas para a Crimeia e para o quanto nada de novo nos esvoaça nos
tempos que se dizem modernos.
Russos
e o resto do mundo continuam uma Guerra por uma península que garante navegar
em águas abertas, americanos que atiram pedras e escondem as mãos sujas com
sangue de inocentes, ucranianos que morrem, num país frio de relações sociais e
tolerâncias, pelo calor de bombas que chovem sobre quem não faz a guerra, mas
que não querendo pôr fim à guerra atiram misseis sobre o Pais Agressor, talvez
para ir mantendo o Vulcão activo e aceso.
Para
não variar nem avariar, o papa reza pela paz (sem se comprometer), e os seus homólogos
ortodoxos, de Ucrânia e Rússia benzem bombas, metralhadoras e “tanques” de guerra
(como se de selhas de lavar a roupa de soldados se tratasse).
A
indústria de armamento esconde o sorriso rejubilante dos lucros, o ribombar
abafa os gritos e o fumo esconde as lágrimas das mães deserdadas da sua prole.
Soldados violam mulheres a esmo (sob a decência de não escolherem se são ou não
suas compatriotas), e a igreja esconde, sob essas violações e em trovoadas de
emoções rubras e águas turvas do rio Trancão e chuvas de hóstias, os seus
crimes desta e de todas as histórias (também cabem lá todos, todos, todos, mas
mesmo todos).
A
novidade chega pelos altifalantes dos mortos de pálpebras cerrados por
enfermeiras (no último suspiro da desilusão), que não tendo conseguido apaziguar
as suas cruentas chagas de enfermos, se ajoelham avassaladas aos mais hediondos
estafermos.
Bigorna (XIV6023VIII)
(Desenho do Autor)
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
Nave somos
A árvore faz de vela.
Rumo ao mundo,
O Bussaco, com o Oceano em doce fundo, na roda do leme a incerteza do rumo desta vasta caravela.
O vento é a vontade, o lastro
é forte e fecundo.
Telúricos agora navegamos , sem vaidade, só o tempo saberá a onde vamos.
Bigorna (VIV6023VIII)
(Fotografia de Bigorna)
terça-feira, 8 de agosto de 2023
Carta Aberta a Todas as Mães de Todos os Mundos
Gosto de Gatos
Nada de novo.
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