Enfermamos
Ontem,
13 de Agosto de 2023, completaram-se 123 anos sobre a morte de Florence
Nightingale, Nascida a 12 Maio 1820. Figura
tida por muitos como a percussora da Enfermagem Moderna, o que terá merecido
pela sua actuação na liderança e na organização da assistência às vitimas da
Guerra da Crimeia (1853-1856), sobretudo dos soldados.
É Agosto,
quente, talvez até um pouco enfadonho, alguns retratos dos nossos olhares já
mostram paisagens a vestirem “outonalidades”, como se desejassem avelhentar-se,
por antecipação em invernias de esquecimento. E o meu pensamento voou, não para
a enfermagem, mas para a Crimeia e para o quanto nada de novo nos esvoaça nos
tempos que se dizem modernos.
Russos
e o resto do mundo continuam uma Guerra por uma península que garante navegar
em águas abertas, americanos que atiram pedras e escondem as mãos sujas com
sangue de inocentes, ucranianos que morrem, num país frio de relações sociais e
tolerâncias, pelo calor de bombas que chovem sobre quem não faz a guerra, mas
que não querendo pôr fim à guerra atiram misseis sobre o Pais Agressor, talvez
para ir mantendo o Vulcão activo e aceso.
Para
não variar nem avariar, o papa reza pela paz (sem se comprometer), e os seus homólogos
ortodoxos, de Ucrânia e Rússia benzem bombas, metralhadoras e “tanques” de guerra
(como se de selhas de lavar a roupa de soldados se tratasse).
A
indústria de armamento esconde o sorriso rejubilante dos lucros, o ribombar
abafa os gritos e o fumo esconde as lágrimas das mães deserdadas da sua prole.
Soldados violam mulheres a esmo (sob a decência de não escolherem se são ou não
suas compatriotas), e a igreja esconde, sob essas violações e em trovoadas de
emoções rubras e águas turvas do rio Trancão e chuvas de hóstias, os seus
crimes desta e de todas as histórias (também cabem lá todos, todos, todos, mas
mesmo todos).
A
novidade chega pelos altifalantes dos mortos de pálpebras cerrados por
enfermeiras (no último suspiro da desilusão), que não tendo conseguido apaziguar
as suas cruentas chagas de enfermos, se ajoelham avassaladas aos mais hediondos
estafermos.
Bigorna (XIV6023VIII)
(Desenho do Autor)
Sem comentários:
Enviar um comentário