quarta-feira, 11 de julho de 2018



Ainda Alarmado

O Céu Escurece.

Ventos rasantes cobrem de negro calados prados e seres errantes.
E nós, soturnos, aspergidos de negros medos,
tangemos o fosso fundo dos caboucos com os nós sangrantes dos dedos.
Tramonto - Foto de Bigorna

Esperanças mortas e vãos anseios escorrem sob os umbrais das portas.
O céu escurece…
Voam vampiros, sugando o alento (que traria o sol e levaria voando o vento),
cobrindo os homens de um céu lúgubre, pardo e cinzento.

E nós, calados… vamos morrendo,
no vale do nada, sem o sabermos,
caindo sempre no oco horrendo,
de saber passada a vez de havermos.

O céu escurece, mudo de tudo,
silenciando a confiança….
Sob o gigante, medonho e barbudo,
da alta finança,
os monstros roubam toda a verdade.

Pululam lesmas gordas de cobiça e roliça vaidade.
Ditam leis embuçadas,
leis filhas da pútrida caridade…
Que nos ficam, na garganta, entaladas.
As sanguessugas comandam toda a dança
e apregoam razões sem espada, sem norma e sem balança.

                                                                                   Bigorna, 2011

Sem comentários:

Enviar um comentário

  Pimenta no cu dos outros… (Série)   Inspirado num poste sobre espera. A vida, se a observarmos, de todos os lados, e a conseguirmos ...