quarta-feira, 16 de novembro de 2022


 

Tenesmo, manifestações e poluições politizadas.

Sim.

Fim dos combustíveis fósseis já, sobretudo para os nossos filhos que transportámos à escola, pela manhã, no carro confortável, quentinho e movido a petróleo, e agora fazem greve às aulas como se esperassem que o conhecimento lhes vá entrar, pela luz do sol, nas fontanelas calcificadas pelas séries televisivas com as quais não sentem medo de serem poluídos. Não passam de arautos do comodismo. E exigem.

(fotografia de Bigorna)

Vão estudar, já! Deixem-se de exigências e birras de crianças mimadas. Não se exige o fim do petróleo como se do prato de batatas fritas com ovo estrelado e salsicha, ao jantar, se tratasse. Primeiro estuda-se e depois faz-se. Os vossos avós estudaram o uso do petróleo para que tivéssemos muito do que temos hoje. Nós trabalhamos como escravos para que os “aborrecentes”, que vocês são, tenham a abundância que nem sabem que têm. Agora percebemos que os caminhos foram errados, o do petróleo e o da vossa abundância: - não olvidem, nós sabemos e nós queremos o fim disso. Não é vosso apanágio ter pressa. E suas excelências, arvorados em estudantes que fizeram greve, desde sempre, a leituras e culturas, exigem, com o dedo esticado, convencidos de que têm algures uma varinha de condão. Mas fazer? Népias!

Ainda por cima deixam-se atropelar por politizações, pequeninas, sobre o assunto, e vêm pedir demissões. Demitam o tirano que vive dentro de vós e vos polui mais do que os hidrocarbonetos e depois venham a terreiro, pensar e trabalhar.

Por vezes fica a ideia de que todos leram a Alice no País das Maravilhas. E isso não seria, de todo mau, porque muitos nem isso: - só resumos para os exames. O pior é que a maioria de vós parece não ter saído de lá, de dentro do livro, e apenas se travestiram de Rainha de Copas, não conseguindo deixar de cuspir hormonas de fel e de mau feitio.

A vossa pesporrência gasta mais energia que o meu carro velho. E o meu carro velho deixa de ser necessário porque os meninos modernos resolvem tudo pela net, comem emojis, regurgitam anglicismos e cagam postas de pescada de nariz empinado

Sim.

Fim dos combustíveis fósseis, já!

Amanhã vão “à pata” para a escola. Não, nada de trotinetes eléctricas… Quando muito vão de bicicleta a pedal que, justamente, é um veículo de tracção animal sui generis (em que a besta tracciona o veículo e permanece sentada).

Estes seres arrogantes, que protegemos como cacos de plástico de fraca qualidade, exigem tudo da mesma forma, displicente, como encomendam pizzas pelo smartphone (que lhe oferecemos por terem apenas cumprido os seus deveres – Estudar…), enquanto esparramam o traseiro no sofá quentinho da sala de estar. E devem pensar (se é que ainda usam o cérebro para algo para além de papel higiénico), que os entregadores de pizza são o soldado Fidípedes e correm a maratona para satisfazer os seus apetites gulosos de pequenos tiranos. Coitadinhos…

Fim ao combustível da arrogância, da impertinência e da protecção exagerada a estes pirralhos! De que merda julgam eles que são feitos as dezenas de “ténis”, último modelo, que usam nos pés mimados?

Fim aos combustíveis fósseis. Já! E aproveitem, quando voltarem para casa, depois da greve e do forrobodó, venham a pé descalços e pelo caminho das pedras que a estrada é de asfalto.

Sim. Nós, educadores, somos culpados. Andamos a fechar as portadas das janelas da nossa existência, e a varrer as imbecilidades que os pelegos defecam pelo chão que pisam, com medo que a realidade da rua da frente os traumatize. E eles, sobem ao púlpito das suas inexperiências e algemam-se às paredes das escolas e das universidades (a que chamam suas, como chamam suas às casas que os pais constroem com suor e com cimento, da mesma forma de quem não tem vergonha e todo o mundo é seu).

Agora voltem a ler tudo, devagarinho, façam uma birra, atirem-se ao chão e vão estudar. Há uma caixa de supermercado à vossa espera, num país qualquer sem combustíveis fósseis, ao virar da esquina do vosso sofá da sala. Ou então, façam bullying a vós próprios e prendam a burra como vítimas mimadas.

Muitos de vós não existis, haveis sido produzidos via internet, meros hologramas, marionetas moles e viscosas. Não, não exijam que vos soltem dos fios ou vos desliguem a electricidade ou a internet pois ficaríeis por terra a vegetar como amebas. Estudem. Trabalhem. Respeitem o vosso passado, mesmo com os defeitos todos e depois façam greve ao poisio em que trazem o vosso cérebro.

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