quarta-feira, 9 de novembro de 2022

 

Tirem-me o Cobranto

 

Raios, coriscos, tornados, secas, pragas, pandemias… Todo o mal e todas as tropelias.

O mundo deve mesmo estar para acabar. Atentemos aos ditos e escritos bíblicos e aos proféticos bruxedos neles contidos. Quando as árvores derem frutos fora do tempo e outros estranhos acontecimentos advierem, estamos com os dias contados.

E quando foi que não tivemos os dias contados?

No entanto, também me apetece profetizar. Atendam:

- governantes corruptos (que nunca houve);

- violência doméstica, machismos e misoginias (tudo novidades e modernices);

- abusos sexuais (já mais vistos e ouvidos);

- jogadores de futebol que partem tudo à pancada e treinadores que lhes dão o profícuo exemplo;

- condutores de autocarros de jovens estudantes, que do interior blindado das vidraças das suas viaturas, insultam, em abastado vernáculo de cultura popular, os outros condutores, dando assim exemplo ancho da sua experiência de adultos educadores;

- filhos que aos 30 anos vivem em casa dos pais, torturados pelas ementas repetitivas das refeições dos pais e na dependência esquecida do seu coberto, cospem no prato da sopa onde comem e cagam nas suas necessidades;

 - a lua que teima, aluada de todo, em “melgar” a terra, na sua impertinência metamorfótica, umas vezes aparecendo cheia e outras em fatias

(que já não há paciência para ela e rareia em eclipses);

- Chefes de estado democraticamente eleitos que atropelam a democracia e brandam emotivas ameaças, etc, etc, etc.

E, como se não bastasse, ainda há quem se arrogue o direito de ter governos sérios. Isto é mesmo o fim do mundo. E quem de nós os educou para isso?!

                                               

Tirem-me o Cobranto! (que eu não consigo ser mais pessimista).

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