Porto no peito uma ânsia, talvez vã…
Cuido, em branca tela, de
palavras escritas, pintar o trago amargo que tem o esvoaço poeirento dos meus
caminhos de insucesso.
Caminho sob um complexo de ideias
e uto(fotografia de Bigorna)
pias que não consigo acobertar de fornix completo justo e perfeito. Em
alto e largo, tudo o que penso fica sempre num sofrimento de alguma angústia, em
um aperto que não permite às palavras serem maiores do que as sílabas que as
suportam. Quanto afago as palavras, para que cabendo justas nos significados
que lhe são lugar, sobram-lhe arestas que ferem, vértices que magoam, volumes
que adensam o gosto ocre das frustrações.
Evapora, assim, da lua um paladar
fermentado que se me adensa nas pituitárias. O Sol azeda-me nas tripas, faz-me
gases, avilta-me o desassossego das noites.
Permaneço assim, calado, num
acordo tácito.
No pórtico, de arco quebrado, a
cimalha aponta o céu estrelado. Não há palavras que garantam o tamanho da
imaginação, se ela quiser entrar no Templo. Fica o delubro sem porta e
ventilado, assim, dispenso janelas e tecto. Sem cruzes que mais agrilhoem
pensamentos e vontades, não ergo muros, nem paredes.
Olho as estrelas. Cabem todas, o pináculo
da catedral não é empecilho ao riscar celeste dos astros. A cauda dos cometas
não suja a sua alba grinalda… Passa, incólume, por nós, o universo inteiro, sem
gritos e sem as opressões das desgraças.
Melhor assim. Não estrago… Cumpro
o conselho avisado e simples:
Se nada de essencial ou agradável
houveres a proferir… permanece em silêncio florir, pensa na morte, deixa o
tempo porvir.
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