Um Bocadinho…
E eu que só queria um bocadinho.
Eu queria apenas um bocadinho, era mesmo só um bocadinho... ahhh!
Nada de grandes barrigadas, nem a boca cheia… saboreado sem dentes, por entre os intervalos das papilas gustativas. Mas nunca sem barriga nem ausência de boca toda. Pois que para andar com os pés não necessitamos de descartar as mãos nem os dedos.
E os dedos? Ai os dedos… só um toquezinho.
Era só um bocadinho.
Tão pouco que o sabor se pode, até, confundir com o cheiro, mas tem que ter cheiro ao que é, para se poder comer pelo nariz, como se faz para sentir o ir e vir da maré, como se passando mais perto do cérebro enchesse o coração e ficasse… a marinar, a percorrer cada recanto do aparelho cinestésico. Qual sopro de fazer vidas.
Era um pouquinho só… para preencher todo o tudo que possa rimar-vos com ão, mesmo o mais pequenino…
Assim, como o fino friso da lua a ir para Nova… um pouquinho, delicado e sublime, saboreado ao som do último pingo de orvalho evaporado, precipitado sobre um cristal de vento cósmico em turbilhão.
Apenas um ténue gemido caído do bater de asas silencioso de uma coruja em voo noturno e perdido… uma pluma, minúscula de pena branca, levada pela neblina.
Era só… mesmo só… um bocadinho.
Obrigado
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