Escadas de livros e luz
Aurora - (Fotografia de Bigorna) |
As bruxas e as fadas da noite lisa e calada,
no algar sombrio dos tectos fundos,
novelaram, dentro de mim, um ninho de sonhos
Noite dentro, por entre medos medonhos,
inebriado em toneis voláteis de pesadelos,
foi-me roubada a terra negra e queimada,
que serviu de tinta ao grafar das palavras.
Descendo por amplas escadas,
lembrando um formigueiro de poeiras cintilantes,
os monstros, ao som do chicotear das trovoadas,
levaram tudo… os livros, o chão…
Até a sombra morta da chama da candeia
e a alma agitada, da minha fenecida mão, morta.
Quando, por fim, me roubaram a própria esteira,
acordei, desacordado da minha esperança inteira,
olhei. Dos céus desciam os raios de sol da aurora.
Os anjos devolviam, pelas nuvens, as montanhas,
as flores, as andorinhas e a sinfonia da brisa, que escutamos agora.
Entregues ao vento, as ideias dos livros ganhavam, de novo, forma.
Assim se refez, o mundo, trazido pela escada,
enquanto o imaginário profundo fazia amor com a gentil madrugada.
Bigorna (XXVI6023V)
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