quarta-feira, 24 de maio de 2023

Um vaso…

Um recipiente. Às vezes simples e outras vezes com a complexidade do recipiente que agora contempla este outro vaso. Somos vasos…

E, nas paredes de fora, outras vezes nas paredes de dentro, outras vezes apenas nos nossos olhos, lêem-se imagens. Para uns, belas imagens, para outros, monstros. Para alguns, sempre monstros, para outros, monstros pela manhã e

Vaso do Museu Vista Alegre Fotografia de Bigorna

anjos pela noite dentro. Para alguns, monstros por fora, para outros, monstros por dentro.

Vasos… vazios, não servem para nada. Às vezes apetece-me meter as mãos, dentro de mim, e cavoucar os meus monstros e os meus anjos. Durante o sono, sinto que brincam e se digladiam. São os meus sonhos e os meus pesadelos. São os meus monstros e os meus anjos a disputarem um lugar, dentro, fora ou no meu próprio imaginário.

Às vezes fico com a ideia de que trago, colados à pele, os anjos e demónios que não são meus. Outras vezes, sinto-me tão empanturrado, que acho que comi os anjos e os demónios de outros meus irmãos e que estes brincam ou se revoltam com os meus. Parecem andar, permanentemente, na busca de más notícias, uns sobre os outros. Depois riem-se. Depois choram. Depois rieem de quem chora e choram de quem se ri.

Há poucos dias peidei-me (fermentara-se-me os risos e os choros). Cheirou tão mal…!!!

(Desculpem. Eu sei que algumas pessoas nunca se peidam.)

Bigorna (XXIV6023V)

Sem comentários:

Enviar um comentário

  Pimenta no cu dos outros… (Série)   Inspirado num poste sobre espera. A vida, se a observarmos, de todos os lados, e a conseguirmos ...