Um vaso…
Um recipiente. Às vezes simples e
outras vezes com a complexidade do recipiente que agora contempla este outro
vaso. Somos vasos…
E, nas paredes de fora, outras vezes nas paredes de dentro, outras vezes apenas nos nossos olhos, lêem-se imagens. Para uns, belas imagens, para outros, monstros. Para alguns, sempre monstros, para outros, monstros pela manhã e
Vaso do Museu Vista Alegre Fotografia de Bigorna |
anjos pela noite dentro. Para alguns, monstros por fora, para outros, monstros por dentro.
Vasos… vazios, não servem para
nada. Às vezes apetece-me meter as mãos, dentro de mim, e cavoucar os meus
monstros e os meus anjos. Durante o sono, sinto que brincam e se digladiam. São
os meus sonhos e os meus pesadelos. São os meus monstros e os meus anjos a
disputarem um lugar, dentro, fora ou no meu próprio imaginário.
Às vezes fico com a ideia de que
trago, colados à pele, os anjos e demónios que não são meus. Outras vezes,
sinto-me tão empanturrado, que acho que comi os anjos e os demónios de outros
meus irmãos e que estes brincam ou se revoltam com os meus. Parecem andar,
permanentemente, na busca de más notícias, uns sobre os outros. Depois riem-se.
Depois choram. Depois rieem de quem chora e choram de quem se ri.
Há poucos dias peidei-me (fermentara-se-me
os risos e os choros). Cheirou tão mal…!!!
(Desculpem. Eu sei que algumas
pessoas nunca se peidam.)
Bigorna (XXIV6023V)
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