Pedalar para trás!
Esta semana foi pródiga em notícias sobre a retirada e recuo da retirada, de uma escultura que representa Camilo Castelo Branco, no Porto.
E o que houve de novo?
Nada! Tirando o facto de, até novas investidas, a estátua se manter apostos, no seu posto, nada de novo.
Um substantivo colectivo, pouco substantivo e pouco colectivo, de pessoas, animadas da sua falta de alma, rogaram a remoção da estátua, alegando razões estéticas e morais, uns, e morais e estéticas, outros.
Temos que ser tolerantes, com as suas motivações, mas não tíbios com as suas vontades.
As suas motivações são, em muitos casos, imperscrutáveis. Sabemos lá que figura os figurões gostariam de colocar no lugar daquela estátua? Talvez um bispo, talvez um cardeal (em vez de bronze, quiçá em pau santo ou cerejeira carunchosa) … Quem sabe um monumento ao
santo penico para esconjurar a caganeira?
santo penico para esconjurar a caganeira?
Houvera havido quem se manifestasse contra a nudez, mas também contra vestimenta (ou os dois nus ou os dois vestidos, arguia-se). Nada de surpreendente, pois, subsistindo gente que puderes havendo teriam proibido a mãe de os parir sem tolher as cuecas, que vos espanta que a nudez os confunda, e terem nascido nus mais não tenha sido que um vexatório exibir de bunda?
Compreende-se. Se há gente que manda queimar livros. Compreende-se. Se há gente que emborca todo o tipo de atrocidades, mas manda “emburcar” as mulheres, que por sua beleza os ofuscarem temem a sua concorrência sobre a beleza do Sol ou da Lua. Que medo!
Compreende-se, se há gente que tem medo das estátuas de buda e as manda pulverizar, o que não farão com a cloaca, peluda, de uma formiga.
Ah! Mas é muito diferente! Defenderão alguns… e eu compreendo, eu tolero… mas não defendo.
Ventilam a estimulação mundana da líbido. Mostram corpos bronzeados em praças nuas, semeiam a devassa… só podem querer colher a desgraça. Congeminam as almas poluídas. Depois queixam-se que o olhar guloso, do clero, despenque, em pecados, sobre corpos inocentes virginais e tapados?
Ou serão, de outro modo, não as estátuas, mas as palavras, que os inquietam e assombram? Diz, aos pés da estátua “AMOR DE PERDIÇÃO”.
O amor é insuportável para muita gente. A felicidade também, e se for a dos outros… Isso é motivo de perdição.
Vista-se, pois a estátua. Vistam-lhe sobretudo, de lata, de preconceito, do bafio cinzento, de moralismo que castra e que mata.
Transmutem-lhe o nome, travistam-lhe, fulgido, um tule, de ódio fingido. Escrevam-lhe, aos pés “INVIDEA”, e sigam sendo azedas cobras que estragam o paraíso.
E Cuidado com os decotes… Por via das Gripes… ou das Grimpas?
Bigorna (XVII6023IX)
(Penico de Petição – Obra da minha perdição)
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