A Volúpia de Geia
Geme, em espasmos, Geia,
breves, mas colossais orgasmos.
Preia vai de prazer, em volúpia vestida.
Breves são, milhões de milénios, seus momentos de prazeres fecundos.
De neve se veste, em túnica sensual e ousada, nevando em si, cobrindo de evidência seus mamilos quais picos de montanhas doiradas.
Em si, seus átimos jucundos, tão fugazes se mostram como aos deuses o fumo do vapor dos mais breves segundos.
São sempre breves, os prazeres, para não delongar o eco dos remorsos imundos.
Assim se masturba Gaia ao som compassado e breve do ressoar da trovoada.
Pulsam-lhe, do ventre fecundo, num eflúvio bruto e fremente, seiva ardente e orvalhos frios, mornas trovoadas, troares remorejados do raiar do sol nas tímidas alvoradas.
De tanto gozo Gaia se emprenha sozinha. Cheia segue, de rios de vida, hirsuta de selvas exóticas, molhada de oceanos largos, lagos de lânguida seiva bruta, rumo ao limiar da Via Láctea, como se num prado de flores se deleitasse.
Vulcões, jorrantes, lhe escorrem em lavas de melodiosa maresia. Transpira odores desejo, só para si, sem sequer querer saber se o universo se inibiria com seu luxurioso cheiro.
Extasiada se deleita em estonteante translação, rodopiante no seu eixo, com leves e mansos ensejos bamboleantes de precessão nas ancas.
Assim se masturba gaia ao som compassado e breve do ressoar da trovoada. E se enche de uma fauna fausta, um lauto enxame de vida por vidas povoada.
Bigorna(XV6023VI)
(Fotografia de Bigorna)
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