“Despejei-me no chão…”
Sosseguem os mais púdicos e todos
aqueles que conhecem a minha prolixa capacidade de ajavardar a linguagem. A
expressão não é minha e o doce sabor a terra (da expressão), não advém do chão telúrico,
mas sim do “terroir” que podemos saborear nas pessoas quando gostamos delas,
quando as cuidamos e ouvimos, como uma espécie em risco de extinção (em que nos
estamos a torna(desenho do autor)
r).
Já hoje tinha sido brindado com
uma expressão que, deveras, me enterneceu: “Os espaços entre os dedos foram
criados para que outras pessoas pudessem preenche-los” (autor desconhecido).
Agora chegou mais esta, como quem passa por uma fonte e sem sede ela nos
oferecesse àgua, como se a sede fosse da fonte e não nossa.
Fica esta expressão, a fermentar,
o meu, dia de horas que procuro dividir e multiplicar pelos amigos: - (no
consultório, atendendo uma senhora que tinha um ferimento), Sabe, eu ia a
caminhar e, sem quê nem para quê, tropecei e, de caminho, “despejei-me no chão”.
(uma expressão inequívoca para “caí e pronto”.
Talvez não me achem grande graça,
talvez estivessem na esperança lúdica de vos surpreender com “dejectivos” em vez
de adjectivos… Paciência, desta vez fui apenas um menino comedido e delicado.
Mas a verdade é que a expressão me marcou quase tanto como o chão marcou os
joelhos da pobre criatura (não tenho a alma ensanguentada, mas está cruenta).
Para não ficar, assim, insípida e
branda, a minha prelecção matinal, vou presentear um sério punhado de amigos
(daqueles que preenchem os meus espaços entre os dedos e me enchem o coração),
com uma tentativa de desenho… Não é um bom desenho, mas levedará alguns
segundos do dia que desliza por entre o serpentear da nossa intensa vontade de
sermos felizes.
Tenham um dia bom. Porra!
Bigorna (XXVII6023VI)
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