terça-feira, 27 de junho de 2023

 

“Despejei-me no chão…”

Sosseguem os mais púdicos e todos aqueles que conhecem a minha prolixa capacidade de ajavardar a linguagem. A expressão não é minha e o doce sabor a terra  (da expressão), não advém do chão telúrico, mas sim do “terroir” que podemos saborear nas pessoas quando gostamos delas, quando as cuidamos e ouvimos, como uma espécie em risco de extinção (em que nos estamos a torna

(desenho do autor)

r).

Já hoje tinha sido brindado com uma expressão que, deveras, me enterneceu: “Os espaços entre os dedos foram criados para que outras pessoas pudessem preenche-los” (autor desconhecido). Agora chegou mais esta, como quem passa por uma fonte e sem sede ela nos oferecesse àgua, como se a sede fosse da fonte e não nossa.

Fica esta expressão, a fermentar, o meu, dia de horas que procuro dividir e multiplicar pelos amigos: - (no consultório, atendendo uma senhora que tinha um ferimento), Sabe, eu ia a caminhar e, sem quê nem para quê, tropecei e, de caminho, “despejei-me no chão”. (uma expressão inequívoca para “caí e pronto”.

Talvez não me achem grande graça, talvez estivessem na esperança lúdica de vos surpreender com “dejectivos” em vez de adjectivos… Paciência, desta vez fui apenas um menino comedido e delicado. Mas a verdade é que a expressão me marcou quase tanto como o chão marcou os joelhos da pobre criatura (não tenho a alma ensanguentada, mas está cruenta).

Para não ficar, assim, insípida e branda, a minha prelecção matinal, vou presentear um sério punhado de amigos (daqueles que preenchem os meus espaços entre os dedos e me enchem o coração), com uma tentativa de desenho… Não é um bom desenho, mas levedará alguns segundos do dia que desliza por entre o serpentear da nossa intensa vontade de sermos felizes.

Tenham um dia bom. Porra!

 

Bigorna (XXVII6023VI)


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