sexta-feira, 9 de junho de 2023

OREMUS

 


Lá para o mês Augusto encher-nos-emos de gentes, numa trovoada a que chamam Jornadas Mundiais da Juventude. Uma espécie de Saturnália antecipada. Já nos habituámos um pouco a isto com as festividades carnavalescas a serem empurradas para o Estio porque o frio e a chuva são pouco propícios para o evento (no seu tempo adequado).

Tentativa ou tentação de desenho
 do autor

Conjuntamente com a “evocação” do Conselho de Estado, com as tempestades de incêndios que se esperam e a “balbúrdia” de uns milhões de estrageiros a engrossar o caudal do Tagus com os seus “sanctus dejectus”, constituirão uma tempestade perfeita para a realização de um plebiscito que ponha por terra os restos mortais do governo vigente e instale, no seu lugar, um Falo Falso (que as falsas falas assim têm, para isso, concorrido). Agoirento eu!!!!

Mas, e ainda…

Ouvi, para aí, um versículo que referia a retirada, ocultação, exorcismo, quiçá sublimação, da escultura de João Cutileiro (Aquela que dizem ser uma representação fálica, que eu não conheço, e que a minha mente jamais reconheceria como tal…), do Parque Eduardo VII, em Lisboa, onde (por acaso se vai realizar uma mesa com a presença do Papa e enxames vários à sua volta).

Mas, porque será retirada, ocultada, escondida, a dita escultura? Ela não é Pau, é Pedra. Será partida, será cortada (trasladada se morta)?

Dizem uns que, pode incomodar as orações. Dizem outros que pode distrair os crentes (talvez pouco crentes face ao tamanho da escultura). Dizem outros que não se adequa ao desenho das celebrações. Dizem outros que as celebrações é que não se adequam aquele espaço. Enfim…

Convém não evocar a história nem as estórias, sobre os assuntos em torno da questão (não da escultura, mas sim do local e da cerimónia e da religião e da sua falta de (re)ligação ou mesmo dos excessos das mesmas). Aquele parque não é famoso por se ir rezar nele e os santos que por ele sempre foram caminhantes devem ser todos mártires…

A organização do evento terá vergonha de mostrar a nossa casa?

Teremos assim um complexo de inferioridade tão grande que leve a que tenhamos vergonha do nosso Falo? Se é por ser pequeno, faz-se-lhe um altar maior e sobre o altar um púlpito, e sobre o púlpito coloca-se a dita escultura sobre saltos altos… Não Calem o Falo, deixem que o Falo Fale!

Ocultar a escultura? Vão embrulhar o quê? Com o quê? Vão amarrar um laçarote na base, para disfarçar? E se alguém, no fim da festa, pensa que é uma oferta… Quem se desembrulha com isto?

Por mim, sem sobressaltos,

                e sem carácter pejorativo,

não ofuscando a corrida aos palcos,

                    dêem-lhe uso saudável,

vistam-lhe um preservativo

                               que lhe dará um porte inefável.

 

Tem um senão. Vai avivar a memória sobre os abusos sexuais (lá estou eu a ser agoirento!).

Mas têm uma virtude… Dilata caminho à Eclésia para se modernizar (mas não dilatamos a fé nem o império).

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