quarta-feira, 21 de junho de 2023

Bom Solstício para todos!

 


O Sol, essa luz incondicional à nossa vida, à maior parte das vidas tais como as conhecemos, beija, banha e afaga, de forma especial, o hemisfério Norte. Hoje, a inclinação da Mãe Gaia, pela tarde, fará coincidir a incidência do Astro rei o mais a Norte que nos é possível. Teremos o dia com maior espaço de tempo de luminosidade. É a festa da força da vida.

Os maiores menires devem ser plantados, o melhor vinho deve ser bebido, os melhores abraços devem ser dados aos corpos mais amados, como se competindo com o Sol, na sua força e magnitude o imitássemos em virilidade e afecto.

Durante alguns dias, o ponto, aparente, em que o Sol se levanta e se esconde, vai parecer imutável. O Sol parece parar no seu aparente movimento (sole sister), o sol para.

A festa é efémera. Aquilo que se mostra como o ponto máximo é, também, o ponto de viragem, o anúncio da chegada da sombra. Após este dia, de alegria e força, o tempo de luz irá diminuir novamente. É o respirar da Mãe Gaia numa demonstração do seu Amor igualitário a toda a sua superfície. O que a nós deu no Solstício de Dezembro, com o anúncio da vinda da luz, dará, agora, ao hemisfério Sul.

Uma espécie de demonstração, à escala maior de que somos feitos, de que a competitividade entre povos, países, irmãos, é um vão afã. Um Sol, uma existência, miríades de seres.

Carpe Diem… Ama o quanto puderes; Não desperdices tempo a odiar, a desamar, a apoucar… Ama!

 

Solstício

 

Olha o Céu, inteiro!

Olha nele as nuvens, palavras escritas a tinta de água.

Em breve, porque mesmo milhões de anos são um nada na eternidade,

a luz do Deus Sol veste de azul a negra mágoa.

Voando para ocaso vai vestindo doce manto e suave frágua.

 

Olha o Céu, abre o tinteiro e entorna,

deixa jorrar na alva claridade, toda a tinta,

como se fosse, na terra, uma vasta viril rega morna.

 

A Luz que veio é a Luz que vai.

E uma eterna maré de sombra e brilho…

Saboreia, nela, a espuma que a vida em mim e em ti produz.

E, a noite, do outro lado mundo,

recortará, no horizonte, um suave sopro de luz.

É a senda do Sol, no bordado de oiro, na orla do nosso trilho,

olhando o Céu, escutando a luz, sentindo a terra que respira.

Sorvendo a espuma que o Sol produz, aspergindo afectos

na maré que nos inspira.

 

Bigorna (XXI6023VI)

   (Fotografia de Bigorna)

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