segunda-feira, 5 de junho de 2023

 O Trote das Trotinetas

 

Não somos melhores do que as gerações que nos precedem, mas os que estão a chegar somente vêm de trotinete eléctrica.

Convenhamos, o que estamos e observar é um avanço significativo, mas no caminho do retrocesso.

Sob pretexto de sermos uma civilização mais ecológica, menos poluidora do ambiente, menos ruidosa, menos predadora, agora andamos a trote, não na “volúpia da escapada”, mas sobretudo na “falácia engodada”.

É necessário perceber que a transição energética das trotinetes não se processou do motor de combustão de carburante para o motor de uso de baterias eléctricas. Esta transição processa-se do “à pata” para o comodismo.

Onde, antes íamos a pé ou de bicicleta ou dando impulsos, com uma trotinete convencional, agora estamos a ir de trotineta eléctrica. Contentinhos, cantando e rindo, porque nos disseram que toda a electricidade nasce nas montras dos distribuidores, como as frangas nuas e sem penas nascem nas montras dos supermercados.

(mais uma tentativa, obscena, de desenhar)
Para compensar e complementar o ensejo ecológico, não comemos carnuça, matamos a erva (que não ouvimos mugir nem barregar ou grunhir e por tal não sofre), e os animais que continuem alegres e felizes até que lhe tenhamos enfardado os seus fardos de palha.

Estamos empalhados, é o que é.

Fica a minha sugestão:

Montem-se os comboios, os autocarros e os aviões em trotinetas eléctricas.

Alimentemo-nos de risos e falácias verdes.

Defequem-se larachas esotéricas.

Saciemos de pó e éter as nossas fomes e sedes.

 

E, já agora, ensinem lá coisas importantes aos miúdos. Se fazem favor. Obrigado

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