Não sei a que me cheira…
Por cá, uma Menina linda e de bons ares, ganhou um concurso de dimensão Universal, Cósmica, diria mesmo. Pois que era um concurso para Humanos e, por falta de comparência ou vontade, os Humanos de outros planetas, redondetas, sistemas estelares, galáxias e universos, acabou por, o título, ser atribuído aquela Menina Gira.
Se a actividade lúdica é interessante, comercial, social, estética ou religiosamente, não me interessa um “caracol”. Provavelmente não interessa, nem ao “menino jesus”.
Se as regras do jogo estavam bem definidas, previam cores várias, modelos alternativos, tecnologias recentes ou histórico de inscrição partidária, religiosa, etc… Não sei.
Mas a menina contou o seu passado ao mundo. Parece que tinha a ficha criminal limpa, e tudo… Mas parece que já tinha tido um pénis (não sei se ainda o tem, o concurso não sei se poderia investigar o assunto). Vejam lá os problemas que um pénis pode causar… Só não caiu o Carmo e a Trindade porque já tinham caído. Tambem não caíram as bolas do D. Dinis, na escadaria monumental da Lusa Atenas, pelos motivos já conhecidos… Mas.
O que sei é que cheira a indinação que tresanda. A indignação é tanta que alguns a aspergem com o seu veemente jactatio capitis (quer seja em forma afirmativa, negativa ou rodopiante). A verdade é que cheira a qualquer coisa estranha e a fazer-me lembrar uma história, “verdadeirinha”, que me contaram, há muitos anos.
Numa taberna, de uma aldeia recôndita, mas bonita e genuína, havia um frequentador assíduo, com farto bigode e espaçosa boa disposição. Talvez se chamasse Jaquim, não me recordo.
O Jaquim, depois do café e do bagaço, desfolhava as crónicas do dia em ululantes páginas de acontecimentos anedóticos e partidas aos amigos. Tudo no Jaquim era transformado em alegria Até o Boi do Xico que tinha partido um corno… Dizia ele que a vida é tão amarga que o pai o incumbiu de trazer, sempre, açúcar, na algibeira das palavras, para adoçar os caminhos pedregosos de quem teima em ir a todo o lado de joelhos e para quem obriga os outros a ajoelharem-se.
Depois de gargalhar, e regar as gargalhadas, o Jaquim cochilava, na taberna, o primeiro sono.
Um Zé, qualquer, resolveu que o Jaquim também haveria de ser açúcar de gargalhadas. Vai daí, naquele dia, com um palito, sorrateiro, enquanto o Jaquim dormitava, colocou-lhe uma migalha de bosta fresca “premiu”, no bigode farfalhudo.
Quando o Jaquim acordou, adejou, repetidamente o nariz, franziu a testa, aguçou o sobrolho e, introspetivo, foi andando por toda a sala. Depois de mais umas cheiradelas, aqui e ali, encetou eloquente:
- Não sei o que se passa, mas… mas… (e cheirava, adejava as ventas do nariz). Não sei o que se passa com o mundo…. Mas a verdade é que tudo, tudo mesmo, me cheira a Merda. Ponto final.
Assim se passou. Assim o Jaquim voltou para casa. Entre risos disfarçados dos amigos…
Assim, também, no dia seguinte, o Jaquim, voltou à taberna. Dono da virtude do bom humor e, talvez da perspicácia da sua santa esposa (que o ajudou a descobrir a marosca), orou da seguinte forma, generoso e erudito:
- Tomar banho faz bem. Quando o mundo, todo, vos cheirar a merda, primeiro tomem banhinho!
E nada mais disse.
Bigorna (XIII6023X)
(desenho do autor)
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