domingo, 29 de outubro de 2023

 Um mundo repleto de bons motivos para rir

“todos os risos e choros, todas as fomes e sedes, tudo alonga a sua sombra nas minhas quatro paredes” (António Gedeão in Aurora Boreal).
A maioria de nós, confrontado com definições de, ser Humano, Homem, Mulher, ficamos mudos. Alguns alegremente mudos, outros tristemente calados, outros com o ruído insuportável desse silêncio na cabeça, a ecoar nas suas cavernas vazias e outros criando ruido para sobrepor ao silencio ensurdecedor.
Mas seguimos em frente, num alegre desespero a transbordar de certezas. A transudar daquelas asseverações que temos de que o Irmão Sol gira à volta da Mãe Geia. E, afinal, a cada volta do planeta (para os terraplanistas e da redondeta para os que o imaginam “quadradamente redondo), mudamos de opinião, ou não.
Mudamos de cor três vezes e até somos capazes de deixar escapar um pingo de xixi ou uma “bufita”, quando os nossos filhos nos perguntam como é que os bébés são feitos, mas somos todos doutorados em sexologia desde o momento em tivemos a primeira relação sexual. Relação sexual essa, na quase totalidade dos casos connosco próprios, o que, como bem sabemos, é pecado, aos olhos dos deuses. E esta realidade coloca-nos, face à sexualidade, pessoas pouco recomendadas para nós mesmos. Aos olhos dos deuses – deuses que, nem imaginamos quem os criou, talvez eles próprios num processo de autofecundação, pecaminosa, quiçá – não somos bom parceiro sexual.
Não temos grandes certezas sobre a
forma como devemos educar os nossos filhos e muitas vezes acertamos muito ao lado daquilo que julgávamos ou pretendíamos ser o alvo. Mas exigimos que os professores, dos nossos filhos, tenham todas as certezas sobre o que devem ensinar-lhes. Verdade seja dita que isso, ou outras causas, conduz ou condiciona os professores a serem seres inchados de certezas. Ser professor, correndo o risco da pouca convicção com que o afirmo, é a pior profissão para ter certezas, mas.... Não esqueçamos que é das dúvidas que surge a necessidade de busca.
Com todas estas certezas, rebentamos de indignação porque um ser humano, que olha para si como mulher, mas que em outro momento alguém olhou como homem e disse isso à Conservatória do Registo Civil, ganhou um concurso destinado a mulheres bonitas. É um desatino…
Pergunto:
- Porque “pila” haveremos nós de nos afoguearmos, sobre esta questão. Será necessário fazermos, da “pila”, o dilema das nossas duvidas. Será útil e avisado relativizar o tamanho das nossas duvidadas em função do tamanho da “pila”? Ora “pila”, GRANDE, pra esta forma fálica de ver o mundo!
Sinto-me falido de esperança com a inflação que se dá ao falo ou à falta dele. Disse.
Bigorna (XXV6023XX)
(Desenho, falado, do autor)

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