No dia dos Poetas (Homens feridos pela luz negra)
Neva Escuro
Neva grosso e espúrio na minha noite de negra fúria.
Chovem, assim, do céu cinzento, num cair teimoso e rabugento,
farrapos de neve impura.
mágoas ocultas, no ermo da minha loucura.
E neva frio, pintando de negro o raivoso rio,
caindo em cascata, perdido e ruidoso,
no furacão do meu velho cais,
onde mora o mau feitio,
e o desfecho da dor do coração copioso,
nas brumas de todos que clamam ais.
Neva escuro, frio, faz-se um muro na floresta
farta de tudo o que lhe resta,
no mar sem fundo,
daninho de tudo o que o empesta,
ocultando os caminhos ao mundo.
Bigorna (XX6023X)
(Fotografia do autor)
Sem comentários:
Enviar um comentário