Eu Sou Os Meus Amigos
Bebo os lábios dos meus amigos. As suas palavras e os seus silêncios saciam-me as sedes que tenho de saberes.
Mesmo os amigos que não sabem dizer coisas que, os livros, as escolas que calcorreei, ou as pessoas com fatos mais apinocados e as faces mais graves, dizem ou disseram, mesmo esses e sobretudo esses, os mais simples, sopram sobre mim banquetes de sabedoria.
As conversas com os meus amigos costumam ser como as merendas de comidas confortáveis e néctares vivos de frescura.
Há poucos dias aprendi sobre uma lenda. Sobre pirilampos e moedas e pureza virginal e pudica de crianças nuas de preconceitos.
Contaram-me, em sorrisos luminosos e carícias (embaladas em memórias afáveis), de tempos antigos, sobre os pirilampos e as moedas.
Disseram-me que as crianças, quando encontravam um pirilampo, eram incentivadas a coloca-lo sob um copo invertido, e ao lado um pouco de sal. Pela manhã, sem que as crianças pudessem fazer batota e se tivessem tido um bom e justo sono, o pirilampo deixaria uma moeda. O tamanho da moeda, para as crianças, crentes e puras, era do tamanho do seu bom sono e comportamento. Para quem deixava a moeda, seria do tamanho da vontade, da riqueza, da generosidade… do que possamos imaginar.
Entre sorrisos e algumas gargalhadas, veio a história de um menino que, tendo já tamanho e idade para não acreditar no “Pai Natal”, continuava a caçar pirilampos e a almejar moedas. Foi necessário recorrer a um banho de realidade para o fazer acreditar, mais, no Banco de Portugal do que no Pirilampo… Seu Pai resolveu deixar, em vez de uma moeda, um grande cinzeiro.
O puro e ingénuo miúdo, pela man
hã, na ânsia de receber uma moeda, que em vez de tostão até podia ser das brancas (para quem já não tem memória das moedas lindas de escudos, que procure – faz bem, ser curioso), olhou, com os cantos da boca para baixo, e pensou, para dentro de si: - Não, isto não podes ter sido tu, pirilampo! Tens um cu muito pequeno para cagares um objecto tão grande…
hã, na ânsia de receber uma moeda, que em vez de tostão até podia ser das brancas (para quem já não tem memória das moedas lindas de escudos, que procure – faz bem, ser curioso), olhou, com os cantos da boca para baixo, e pensou, para dentro de si: - Não, isto não podes ter sido tu, pirilampo! Tens um cu muito pequeno para cagares um objecto tão grande…
Assim se desfez a crença… Assim, dolorosamente, crescemos, com os pirilampos a cagarem moedas… e cinzeiros.
Hoje, enquanto dedilhava ecrãs de Facebook, encontrei uma publicação sobre uma lagarta semelhante a esta, da imagem. Fiquei a saber (Obrigado), que se trata de uma:
Esfinge-da euforbia - Hyles euphorbiae
Larva (lagarta) de uma borboleta nocturna. – Tinha sido fotografada em Quiaios pelo Paulo Duarte (Duarte Anadia).
Espantem-se comigo, estava eu na Serra de Sicó, e, depois de iniciar a minha viagem de regresso a casa, em pleno asfalto, ali estava este exemplar.
Fiquei a perceber uma coisa. Se não tivesse visto, ouvido falar, desta linda lagarta, jamais lhe teria dado qualquer importância, naquele chão daquela estrada.
Será por isso que, há por aí gente que se farta de ver e encontrar o Diabo, em todo o lado? Não sei não…
Ah! A moeda? Sim, a moeda de cinquenta cêntimos… foi o que me fez recordar a lenda dos pirilampos e das moedas… Não, não foi a lagarta que a cagou. Mesmo porque, com aquele tamanho, ela era capaz de cagar notas de QUINHENTOS.
A moedita fui eu que a caguei ali, para servir de “metro”.
P.S. – Não digam a ninguém que a lagarta caga notas de quinhentos… Ainda arranjam algum trinta e um ao BCE e descobrem a origem da inflação.
Abraço aos Meus Amigos… dos quais eu sou feito.
Bigorna (I 6023X)
(fotografia da minha autoria)
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