Relatos de sexo…
Há poucos dias, em oníricos
momentos, não sei se meus, o meu televisor descompensou da habitual
esquizofrenia noticiosa em que vive quotidianamente.
Num repente, durante o
noticiário, a única imagem que o ecrã me devolvia era a da tradutora para
linguagem de surdos mudos, com os seus gestos frenéticos, sem qualquer emissão
de som.
Bonito serviço! Esfreguei os
olhos. Fiz sevicias aos ouvidos, belisquei-me… era mesmo aquela coisa estranha,
aqueles gestos de mãos.
Não sei se é só da minha mente,
pura, clara, límpida e angélica, ou se também vos acontece, ao observarem
aquele processo comunicacional. Eu imagino tudo, mesmo mesmo tudo, menos aquilo
que o locutor está a transmitir em linguagem para falantes.
Sem som e sem outras imagens, não há como não imaginar aqueles gestos como se de um relato de um filme pornográfico se tratasse. Peço-vos desculpa, mas aqueles gestos de dedos, em constantes vai e vem, aqueles dedos em argolas, e os punhos fechados que se movem em trajectórias ritmadas… Bem… não tem descrições orais porque a linguagem é só manipulada (com as mãos…).
Finalmente, ou eu acordei ou o televisor
tomou a medicação, ou os senhores da REGI amordaçaram a tradutora. O que é
facto é que, depois de uma pausa de segundos, com ecrã preto, uma voz-off pediu
desculpa e retomou a emissão normalizada.
Então, eu pode perceber, depois
da repetição, com imagens repostas sob o céu das normalidades, que tinha havido
uma sequência de notícias da Guerra da Ucrânia, depois da Guerra da Faixa de
Gaza e depois os devidos comentários do presidente do costume.
E, conclui:
Afinal, a tradução das notícias,
pela intérprete gestual, até se entende muito bem.
O que a senhora tinha dito, com
as mãos, é que estava tudo FORNICADO.
Bigorna(XXV6023X)
(O desenho? – Não, a minha
honestidade não me permite assinar)
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