domingo, 15 de outubro de 2023

 Relatos de sexo…

 

Há poucos dias, em oníricos momentos, não sei se meus, o meu televisor descompensou da habitual esquizofrenia noticiosa em que vive quotidianamente.

Num repente, durante o noticiário, a única imagem que o ecrã me devolvia era a da tradutora para linguagem de surdos mudos, com os seus gestos frenéticos, sem qualquer emissão de som.

Bonito serviço! Esfreguei os olhos. Fiz sevicias aos ouvidos, belisquei-me… era mesmo aquela coisa estranha, aqueles gestos de mãos.

Não sei se é só da minha mente, pura, clara, límpida e angélica, ou se também vos acontece, ao observarem aquele processo comunicacional. Eu imagino tudo, mesmo mesmo tudo, menos aquilo que o locutor está a transmitir em linguagem para falantes.

Sem som e sem outras imagens, não há como não imaginar aqueles gestos como se de um relato de um filme pornográfico se tratasse. Peço-vos desculpa, mas aqueles gestos de dedos, em constantes vai e vem, aqueles dedos em argolas, e os punhos fechados que se movem em trajectórias ritmadas… Bem… não tem descrições orais porque a linguagem é só manipulada (com as mãos…).


Finalmente, ou eu acordei ou o televisor tomou a medicação, ou os senhores da REGI amordaçaram a tradutora. O que é facto é que, depois de uma pausa de segundos, com ecrã preto, uma voz-off pediu desculpa e retomou a emissão normalizada.

Então, eu pode perceber, depois da repetição, com imagens repostas sob o céu das normalidades, que tinha havido uma sequência de notícias da Guerra da Ucrânia, depois da Guerra da Faixa de Gaza e depois os devidos comentários do presidente do costume.

E, conclui:

Afinal, a tradução das notícias, pela intérprete gestual, até se entende muito bem.

O que a senhora tinha dito, com as mãos, é que estava tudo FORNICADO.

Bigorna(XXV6023X)

(O desenho? – Não, a minha honestidade não me permite assinar)

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